Escoliose: o que é, como acontece e como tratar?

Escoliose: o que é, como acontece e como tratar?

fevereiro 4, 2020 11:47 am Dor na coluna

A coluna vertebral apresenta uma curvatura muito específica. Porém, em indivíduos com escoliose, essa curvatura apresenta características distintas.

A coluna vertebral é habitualmente reta quando avaliada em uma vista frontal.

Quando avaliada em perfil, os três segmentos da coluna vertebral (cervical, torácica e lombo-sacra) apresentam uma curvatura específica que confere seu aspecto natural.

Os valores de curvatura da coluna destes segmentos (cervical, torácica e lombo-sacro) são medidos em graus por meio de radiografias específicas para análise dos respectivos segmentos estudados.

Esses valores se modificam naturalmente durante o desenvolvimento humano desde o nascimento até a fase adulta.

Porém, em indivíduos com escoliose, a deformidade costuma ser tridimensional e  pode apresentar características muito distintas.

Fonte: Correio da Paraíba

Cabe aqui mencionar que hoje existem diversas classificações específicas que consideram a idade do indivíduo avaliado e que padronizam de forma detalhada os aspectos descritivos da escoliose.

Por uma questão de objetividade do texto não mencionaremos todas as classificações existentes.

Além da deformidade tridimensional na coluna vertebral, na escoliose ainda podem ainda estar presentes os seguintes aspectos:

  • desníveis dos ombros;
  • obliquidade pélvica;
  • assimetria de membros inferiores com encurtamento de uma das pernas;
  • deformidade da caixa torácica que causam alterações de natureza estética indesejadas em um grupo de pacientes.

O que é e quais são os tipos de escoliose?

A escoliose pode ser entendida como uma deformidade tridimensional que afeta o alinhamento normal de um ou mais segmentos da coluna vertebral tanto no plano frontal, quando no plano sagital. Ou seja, quando a pessoa está de perfil.

A escoliose pode, ainda, causar a rotação específica de corpos vertebrais no ponto de maior deformidade. Essa enfermidade pode ser genericamente classificada como:

  • Congênita: pode estar presente no nascimento de uma pessoa e, dependendo do seu tipo específico, pode ter uma rápida progressão. Necessita de acompanhamento e tratamento cirúrgico específico em casos selecionados. 
  • Sindrômica: normalmente, é relacionado a síndromes que o paciente possa apresentar anteriormente, como síndrome de Marfan e síndrome de Rett.
  • Neuromuscular: pode decorrer de fraqueza muscular e de enfermidades como paralisia cerebral e distrofia muscular.
  • Idiopáticas: representa quase 80% de todos os casos de escoliose. Pode ter um componente genético com uma incidência mais elevada em famílias de indivíduos já portadores de deformidade na coluna.

Existem diversas linhas de pesquisa que procuram identificar os fatores que possam determinar o surgimento da deformidade em épocas específicas da vida.

Porém, não foi possível identificar uma causa única para a escoliose. Não foi encontrado, nem mesmo, um gene específico associado à enfermidade.

Uma das teorias mais aceitas, porém, afirma que a escoliose pode surgir por um desequilíbrio no crescimento das vértebras de um ou mais segmentos da coluna, causando uma curvatura anormal.

Existem doenças congênitas que comprometem o tecido conjuntivo, os músculos ou o sistema nervoso, e que podem causar deformidades progressivas na coluna vertebral.

Essas enfermidades, neste contexto específico, podem necessitar de avaliação e tratamento.

Durante a adolescência, alguns tipos específicos de escoliose podem apresentar uma progressão rápida em função do crescimento e desenvolvimento natural desta faixa etária.

Nessa época, os pacientes precisam de acompanhamento e tratamento médico especializado.

Já os pacientes adultos com escoliose degenerativa devem ser acompanhados e avaliados periodicamente.

Eles podem apresentar deformidade progressiva com agravamento de seus sistemas dolorosos ou apresentar sintomas neurológicos que podem indicar a necessidade de medidas terapêuticas específicas em acordo com a singularidade de cada caso.

Quais são os principais sintomas da escoliose?

As manifestações clínicas variam conforme a idade de aparecimento dos sintomas. Na infância, são comuns os casos descobertos por observação simples feitas por familiares, professores ou em avaliações médicas.

Porém, existem muitos casos em que o indivíduo pode ser completamente assintomático.

Inclusive, existem casos em que não há reclamações de dor. A assimetria dos ombros e dos quadris, deformidade de natureza estética, pode ser, muitas vezes, a única queixa.

Em outros casos, a dorsalgia ou lombalgia podem estar presentes em graus variados.

No caso específico de escoliose degenerativa no adulto, existem duas situações que estão presentes habitualmente:

  • Alguns pacientes já possuíam previamente algum grau de escoliose que pode progredir após a idade adulta.
  • Pacientes sem deformidade prévia podem apresentar deformidade progressiva decorrente de uma degeneração acelerada e progressiva de discos, facetas articulares e a perda do trofismo da musculatura paravertebral. Esses sintomas podem contribuir para o aparecimento de sintomas de dor axial e radicular de grande intensidade, déficit sensitivo e motor progressivo nos segmentos afetados.

Como se trata de uma condição de saúde que atinge todas as faixas de idade, os indivíduos que observarem a presença desta deformidade estética ou apresentarem dor na coluna, dor radicular em membros, déficit de força ou dificuldade de marcha, devem procurar consulta médica com um especialista.

Como é feito o diagnóstico da escoliose?

A consulta médica presencial, juntamente com o histórico do paciente e exames físicos detalhados já podem sugerir o diagnóstico.

Pode-se confirmar esse diagnóstico com uma radiografia total dos três segmentos da coluna, ortostática (em pé) com incidências específicas.

Exames radiográficos a intervalos regulares definidos pelo médico assistente podem ser recomendados como medida de controle evolutivo para definir a tendência da deformidade (se é progressiva ou não progressiva).

A presença de obliquidade pélvica nas imagens pode recomendar a realização de escanometria de membros inferiores para definir ou confirmar a presença de assimetria de membros.

Em que casos a cirurgia na coluna é indicada

A critério do médico assistente, estudos adicionais podem requerer a realização de outros exames de imagem, tais como tomografia computadorizada e de ressonância magnética da coluna.

Também podem ser solicitados exames neurofisiológicos para identificar déficit motor, suspeita de lesão de nervos espinhais ou lesão medular.

Quais são os tratamentos para a escoliose?

Os tratamentos para a escoliose podem variar desde a orientação simples, uso de coletes ortopédicos específicos e tratamento cirúrgico em diversos graus de complexidade na conveniência singular de cada caso.

Entre os pacientes adultos, na grande maioria das vezes, medidas de tratamento como fisioterapia, pilates e atividades físicas regulares de baixo impacto sob supervisão profissional, podem trazer uma melhora substancial para a qualidade de vida do paciente.

Nem todos os pacientes precisarão de tratamento cirúrgico.

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Porém, nos casos em que não for possível obter uma melhora satisfatória dos sintomas e naqueles pacientes com dor intratável, deformidade progressiva e déficit motor progressivo, a cirurgia pode ser requerida.

O planejamento adequado da estratégia cirúrgica com objetivos específicos claros, definidos e compreendidos pelo paciente, são aspectos fundamentais.

Em que casos a cirurgia na coluna é indicada

O tratamento cirúrgico nesses casos pode ter como principais objetivos a correção da deformidade em graus variados e a descompressão adequada das estruturas nervosas atingidas ou comprometidas pela enfermidade.

Dependendo da natureza do caso podem ser necessários procedimentos em etapas consecutivas, sempre no melhor interesse do paciente e da equipe cirúrgica.

Também dependendo da complexidade de cada situação, técnicas cirúrgicas executadas sob monitorização neurofisiológica intra-operatória em tempo real aumentam a margem de segurança durante o procedimento.

Hoje em dia, sua utilização é parte fundamental deste tipo de tratamento para escoliose.

Em todos os casos, para que o tratamento tenha o resultado esperado, é importante que o paciente compreenda de maneira clara sua condição de saúde.

Ele precisa entender que, com o manejo e tratamento correto de sua condição, é possível obter uma melhora da qualidade de vida, considerando a natureza singular de cada caso.

Em caso de dúvidas sobre sua condição atual, ou tenha dúvidas sobre escoliose, não hesite em entrar em contato conosco e agendar uma consulta.